Eu nunca pensei muito em o que esse dia do orgulho significa pra mim, eu me descobri duas vezes dentro dessa comunidade, mas foi um processo caótico e cheio de incertezas.
Aos 12 eu já sabia que achava meninas bonitas além da parte estética, mas como eu já tinha me apaixonado por meninos, pensei que era besteira.
Aos 14 eu me amei uma garota pela primeira vez, ela foi meu primeiro amor, e foi tão avassalador pra eu adolescente, nós não tivemos nada e eu nunca me confessei, mas eu sabia que era amor.
Aos 15 descobri a palavra bissexualidade e foi como se eu pudesse respirar pela primeira vez na minha, finalmente tinha achado uma letra que pudesse me descrever e me abraçar.
Aos 16 sai do armário pros meus pais e pra mim não era nada demais, porque eu pensei que como eu ainda gostava de garotos então tava tudo bem pra eles, eu não tão diferente assim.
Só que não estava, nada bem, mesmo eles falando que me amavam e que não iam de descriminar, foi o início das piadas e citações infindáveis sobre como na verdade eu estava indecisa e que só reafirmavam que sim, eu era diferente.
Fui convivendo com essas micro violências no dia a dia, amigas se afastando de mim pensando que eu queria ficar com elas, pessoas não querendo se relacionar comigo porque eu poderia trair elas por gostar de outro gênero, e isso doeu muito.
E fui levando todos esses sentimentos e aprendendo a me valorizar, a não cair em esteriótipos e me aconchegar cada vez mais na minha letrinha, o B me salvou de inúmeras formas, pois só de pensar que tinham pessoas que pensavam e sentiam como eu, já era motivo pra não desistir
Porém ainda faltava algo, ainda tinha uma pecinha fora do lugar e aos meus 19 anos eu achei essa peça, a demissexualidade, quando li sobre novamente senti que era isso, finalmente uma resposta pras minhas inseguranças ao se relacionar com alguém.
Quando na verdade não eram era inseguranças, era minha forma de se relacionar, eram as particularidades que eu não conseguia enxergar porque ninguém tinha me apresentado o termo antes.
E hoje eu me sinto mais feliz, mais completa e mais orgulhosa, eu amo minhas letrinhas e amo ser parte de uma comunidade tão diversa. Foi aqui que eu me encontrei e pude expressar todos os sentimentos que me sufocavam, sei que a realidade é dura e difícil pra inúmeras pessoas LGBT no mundo, mas hoje eu tiro esse espaço pra me orgulhar pela minha jornada e não silenciar mais minha eu do passado.
Ouviu Carol de 12 anos? De 14? De 16? De 19? Nossa luta e existência é válida e cheia de orgulho!! Seguimos nos descobrindo e nos expressando o máximo que dá, vivendo dias bons e ruins, mas todos fora do armário!
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